13.10.10

I Just Don't Know What To Do With Myself

"Quem não é visto, não é lembrado", falou um colega de trabalho meu. Ele é um chato, típico pain in the ass, mas pela 1ª vez o cara foi certeiro.
Fico eu numa sala em que ninguém me vê. Brinco sempre, que se pegar fogo na empresa, eu morro sozinha, pois ninguém se lembrará que naquele cubículo tinha um ser humano.
Volta e meia minha chefe esquece de mim. No dia em que todos da minha idade foram tomar vacina contra a gripe suína, esqueceram de mim. Se por acaso todos ganham algum tipo de mimo, ou compram um chocolate pra dividir entre os colegas, não sobra pra mim, a não ser que eu saiba, desça e faça parte daquele momento.
Te dizer, é uma MERDA. Não que eu queira ser importante, mas ficar numa sala que com uma prateleira, uma estante pequena e uma mesa, não cabem mais de 3 pessoas, sendo só 2 sentadas, é uma MERDA. Tem dias que é ótimo, ninguém me perturba, não preciso olhar na cara de ninguém, nem aturar nego reclamando o tempo todo. Mas quando meu nível de serotonina está baixo, não tem nada pior do que ficar nesse isolamento.
Presos em solitária vêem a luz do dia. Eu não vejo nem o corredor. Escuto muita coisa, inclusive a água da privada da escola de dança que fica em cima. Sei quando é nº1 e nº2. Se o teto desabar na minha cabeça, cai merda. E, novamente, ninguém lembrará que um ser humano passa o dia inteiro ali dentro.
Te dizer que nem confinamento de big brother isso aqui é. Lá tem câmeras, pessoas, conforto. A empresa tem câmeras, mas minha sala é minúscula. Certeza que se tivesse, iam achar que as imagens estão com zoom.
Não dá pra explicar. É ruim, tipo o dia de hoje.
Às vezes tenho visitas. Meu chefe, que volta e meio vem pegar alguns documentos aqui, mas raramente conversamos; alguns colegas, quando precisam repor alguma coisa, pois também fica aqui na minha sala; e os atendimentos que faço vez ou outra. Minhas companhias são 2 telefones, papéis pra rabiscar e um laptop, que não posso acessar internet, não posso jogar paciência, não posso colocar música. Não posso não querer me matar, né.
Escrevi tudo isso pra dizer que isso aqui não é lugar pra mim. Não nasci pra isso, nem pra esse tipo de (falta de) convivência. É ruim, e deprimente e me coloca num humor péssimo.
Fico pensando o que deveria fazer afinal, e não sei. Não sei se tenho disposição pras coisas, me sinto velha. De alma mesmo. Não consigo achar que a melhor solução pra mim seria um concurso público. Eu ODEIO aquela rotina de papelada indo e voltando. Sei do que falo porque 2 anos de estágio deixaram marcas em mim. Claro que eu amei, mas não consigo me ver fazendo a mesmíssima coisa over and over and over and over and over again, pelo resto dos meus dias. Já pensei que talvez seja o caso de eu não ter nascido pra trabalhar, o que é uma possibilidade também.
Mas te dizer? Eu reclamo mas não acho de todo ruim trabalhar. Não gosto de acordar cedo, mas não mata ninguém sair todo dia pra fazer alguma coisa, pagar uns impostos...
Sei que mesmo assim, muito me deprime continuar aqui e não saber por onde começar. Os práticos diriam "do começo" e eu mandaria cada um deles tomar... benzetacil. Mas esse começo é por onde começa e não sei por onde começar. To vendo meus anos fugirem como areia entre os dedos e ver tanta gente na minha idade com um certo sucesso na carreira, proporcional à idade e experiência... e eu não sou absolutamente ninguém.
I just don't know what to do with myself, como lidar com as vozes na minha cabeça, o sucesso profissional de conhecidos, uns colegas dizendo que aquilo lá que faço é muito pouco pra mim e uma mente que se sente num labirinto cheio de espelhos; não sabe por onde ir.
SOCORRO.

0 falam(m) e eu escuto.:

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